O lado não tão brilhante

USA

O verão aponta no horizonte, o sol brilha quase todos os dias e o verde está por toda parte aqui em Midland. Passamos o final de semana cuidando do jardim. Temos um quintal pequeno porém um terreno grande, que a família que morava anteriormente na casa manteve com muitas floreiras (que não brotam mais), hortas hoje mortas, pedras pequenas sem fim e arvores coníferas que não são minhas favoritas. Eu curto árvores grandes, adoro estar cercada de verde, mas não sufocada por mato. Queremos um gramado para as crianças correrem, e espaço para ter um jardim com a nossa cara. Além disso, do último inverno ficou uma “pequena” lembrança: uma composição de 4 pinheiros arriados pelo peso da neve, se inclinando pesadamente contra a varanda. Aproveitando que o espírito do jardineiro motivado baixou em mim, decidimos fazer por conta própria. Compramos uma serra manual e tosamos os pinheiros de mais de quatro metros de altura. Trabalho pesado. Porém agora enxergamos ao longe, avistamos a cerca e até a luminosidade da casa ficou melhor. Sobraram uns cotocos impossíveis de tirar, e para solucionar isso e mudar o restante, chamamos uma empresa de paisagismo e manutenção de jardim. Mas eles só tem tempo para executar o serviço daqui a 3 semanas, dizem. Não adianta insistir. Virão quando puderem. E os serviços não são nada em conta. No Brasil estamos acostumados com produtos caros e serviços baratos. Já aqui é o inverso. Os produtos em geral são quase de graça, mas tudo que envolve mão de obra custa os olhos da cara. Ajuda doméstica, jardinagem,  manutenção, consertos, limpeza, todos esses serviços demandam uma pequena fortuna. Você acaba adepto do do it yourself. No fundo somos todos capazes, porém a vida mimada no Brasil nos tira essa confiança de fazer com as próprias mãos. É questão de retomar as rédeas e começar você mesmo, quando é possível. No caso do nosso jardim cortamos o que deu, mas para tirar meia tonelada de pedras (e onde coloca-las??) e outras arvores com mais de 10 ou 12 metros de altura, não existe outra opção a não ser contratar mão de obra especializada.

Todo esse prenúncio de gastos e trabalhos com o jardim me inspiraram a escrever hoje sobre o lado não tão perfeito da vida americana. Tenho certeza que muita gente ficará feliz em saber que nem tudo são flores aqui, e já adianto: nada são flores em parte alguma. A felicidade que você tem ao longo da vida está apenas dentro de você, e em nenhum outro lugar.

Já falei um pouco da casa, mas primeiro quero contar sobre o aspecto não tão legal da vida escolar. Na escola não tem portaria, não tem pessoas verificando entrada e saída, não tem nenhum portão ou tipo de controle do movimento dos alunos. O sinal bate, e todos (do kindergarten até o 5th grade) saem correndo. Alguns entram nos carros dos pais que estão esperando em frente, outros pegam suas bicicletas e alguns simplesmente caminham até suas casas, que podem ser ao lado da escola ou alguns quarteirões adiante. Para mim é preocupante uma criança sair da escola com qualquer pessoa e ninguém conferir se é mesmo pai ou parente. Porém analisando por outro lado, isso dá às crianças uma responsabilidade muito maior. Elas aprendem a cuidar de si mesmas desde cedo. A escola se isenta de qualquer responsabilidade da porta para fora. É uma forma de agir muito contrastante com a segurança extrema que temos nas escolas brasileiras, claro que motivada pela (falta de) segurança em geral no país. No começo eu estranhei bastante, mas com o tempo aprendemos a orientar corretamente as crianças a não falar com estranhos, a ir direto para casa e aprender como se virar no trânsito. Os próprios alunos fazem um trabalho voluntário de safety patrol  nas ruas próximas, ajudando os outros alunos a atravessarem as avenidas e cruzamentos. É uma forma distinta de educar, ensinando como agir ao invés de confinar. Nos passeios e field trips da escola também não existe autorização nem nada. As professoras fazem uma contagem, seu filho simplesmente sobe no ônibus escolar amarelo e vai. E você fica rezando para que volte bem! 🙂

O segundo porém: o playground do preschool fica literalmente a dez metros da rua e não tem uma cerca que separe os alunos do transito. É uma via calma e passam poucos carros fora do horário escolar, mas mesmo assim é uma rua. Crianças de 3 ou 4 anos podem facilmente sair atrás de uma borboleta ou bola e não ver onde estão indo. Não custaria nada ter uma divisória lá. Porém mais uma vez, a postura da escola é essa, de ensinar aos alunos a não irem até a rua. Não podem e não irão. E a verdade é que ninguém vai.

Terceiro e principal problema da escola (e de todo resto também, para mim é a principal coisa que incomoda no american way of life): a alimentação. Mando lunchbox de casa todos os dias, porque meus filhos se recusam a comer o almoço da escola. As opções servidas lá variam entre o ruim e o pior, flutuando entre nachos, pizza, pancakes e hamburgers. Lolo reclama até do cheiro. Para nós brasileiros que estávamos acostumados ao típico almoço de arroz, feijão, uma proteína e salada, comer essas coisas pode ser legal num começo, mas a longo prazo seu corpo não aguenta mais. E pra piorar meus filhos também não querem comer a comida feita em casa lá no refeitório, dizem que fica fria e que ninguém come isso também. Cheguei numa alternativa razoável com os dois, e que tem funcionado bem: mando para a escola um lanche reforçado. Por exemplo hoje Lolo levou cereal e leite, laranjas fatiadas, iogurte e iced tea e Nico levou sanduiche com geleia, morangos, cookies e suco de maçã. Fora esse almoço tem dois snacks na escola. Dessa forma aguentam o dia e assim que chegam da escola às 4pm comem comida de verdade em casa. O velho arroz e feijão que eu finalmente aprendi a fazer, e bem! Não é o ideal comer só a tarde, mas é o que temos.  No embalo da alimentação fica mais uma pequena critica: apesar de almoçarem na escola todos os dias, ninguém escova os dentes! As crianças passam de 8:30 a 4 da tarde lá, lancham e almoçam e ninguém leva escovas ou tem esse hábito. Não me conformo, já que é algo simples e que deveria ser inserido desde cedo na rotina infantil.

Outra questão de segurança que literalmente não entra na minha cabeça: você pode andar de moto nas rodovias, estradas, onde bem entender e não é obrigatório o uso do capacete. Você vê crianças e pais andando por aí de moto sem capacete algum. Enquanto isso até um toddler de triciclo usa capacete. Em bicicleta também todo mundo usa, até para ir na esquina. Realmente não da pra entender a lógica: se cair de bike a 20km por hora, você certamente vai quebrar a cabeça, por isso não esqueça o capacete, mas andando de moto a 100km por hora vá sentindo a brisa no rosto, relaxe…

Outra coisa que também normalmente não se imagina: cartões de crédito no Brasil são infinitamente mais seguros que aqui. O brasileiro atualmente usa senha e chip para tudo. Tudo duplamente seguro, até porque no Brasil não há outra alternativa. Aqui o chip praticamente não é usado e muita gente nem conhece. Os cartões são como aqueles antigos só de deslizar. Não se usa senha para nada. Os cartões de credito ainda são levados para os caixas dos restaurantes (não existe a maquininha portátil), e ninguém confere se você é o titular do cartão. Ainda se usa a velha assinatura na via do estabelecimento, mas ninguém checa se é a sua assinatura mesmo. É absurdamente menos confiável, mas acredito que seja um reflexo da honestidade que ainda existe por aqui. Funciona bem dentro dos EUA, mas ao viajar para fora você fica mais vulnerável a ter um cartão clonado ou alguém usando indevidamente o que é seu. Por falar em questões financeiras, o americano normalmente não dá 10% de serviço. Dá no mínimo 15 e o usual é dar 20% de gorjeta a garçons e afins para um serviço bem prestado. Pesa no bolso de quem paga, mas é excelente para quem trabalha e valoriza um bom atendimento. No cabelereiro, manicure, lava-rápido idem. Só não se dá gorjeta ao frentista porque aqui ele não existe, é você mesmo. Coisa que se aprende com facilidade, abastecer o próprio carro. Só não é nada divertido durante uma nevasca com temperaturas beirando os 20 graus negativos.

Esse último item “social” que vou descrever agora é mais uma questão de hábito e costumes de cada povo, mas que para mim causou bastante estranheza. Os americanos em geral  jantam cedo. Almoçam cedo. São pontuais e tem horários bem demarcados. Às 11:50am os restaurantes começam a ter gente, e a seis da tarde todo mundo está jantando. Nove da noite a cozinha dos restaurantes fecha, e perto das dez você provavelmente não encontra um único lugar aberto para comer na cidade a não ser fast food. Na casa das pessoas a pontualidade da visitas é extremamente importante. Se você é convidado para uma refeição, chegue no horário e ainda fique atento: vá embora no horário. Aqui um convite para almoçar, num sábado por exemplo, não é como no Brasil que se estende ao cafezinho, às crianças brincando, ao ultimo drink e muitas vezes emenda no jantar com os amigos passando o dia todo na nossa casa. Aqui você chega, come, agradece e se vai. E se você por acaso esquecer, não é raro o dono da casa encerrar a conversa, te entregar seus casacos e avisar que é hora de ir. Festa de crianças idem. Tem hora para começar e acabar. E não ouse atrasar e buscar seu filho meia hora depois do combinado, nem chegar antes para participar do parabéns. A festa é apenas para quem foi convidado, ou seja seu filho. Bem chocante para nós brasileiros, que amamos uma festa e uma bagunça. Nesse ponto é muito bom ter amigos brasileiros aqui também, do tipo que chegam na sua casa sem hora pra ir e que festejam da forma como nós gostamos de festejar.

São coisinhas essas que culturalmente nos diferem dos americanos, e ao mesmo tempo que são positivas em alguns aspectos, em outras nem tanto. Cabe a quem vem de fora se adaptar, e isso é o que eu tenho tentando nos últimos 16 meses, e procurado passar para as crianças também. Eles em muitas coisas já agem como americanos. Por exemplo quando Lolo vem com muitas formalidades ou tipo me fala que não precisa ir de casaco pra escola (12 graus lá fora – as crianças do Michigan simplesmente não tem frio) eu já vou chamando ela de “americaninha”. É uma brincadeira, mas que no fundo faz todo o sentido. Que ela nunca perca o jeito feliz e expansivo brasileiro, mas que possa ser lapidada com a educação e o amor ao próximo dos americanos.

 

 

 

Disney Dream Cruise

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Muita gente me perguntou sobre o Disney Cruise que fizemos agora em maio, e por isso decidi fazer um post detalhando a viagem e as dicas desse cruzeiro tão bacana e diferente de todos outros que já fiz.

Vamos lá. Para começar esse foi meu quarto cruzeiro e o primeiro que fiz com crianças. Minha estréia num navio foi lá no século passado, em 1997, na Royal Caribbean. Não recordo muitos detalhes dessa viagem, eu era adolescente e fui com meus pais e irmãos, mas foi um roteiro bem parecido com o da Disney, teve Bahamas como destino e 3 noites a bordo saindo de Miami. Lembro do básico, jantar com capitão, piscina, lojas, águas claras do Caribe.

O segundo foi um cruzeiro de 2 semanas para a Patagônia em 2008, saindo de Santos e passando por Argentina, Uruguai e Chile. O navio era o Grand Voyager, e as paisagens que vi nessa trip foram inesquecíveis. Destino incrível, com destaque para Ushuaia e Canales Fueguinos. Muitos glaciares, animais marinhos e festas a bordo. 14 noites é um período bom para uma viagem se você dispõe de tempo de sobra, pois é suficiente para conhecer o navio a fundo, aproveitar cada canto dele e ainda fazer boas amizades. Você realmente se sente em casa e aproveita tudo.

O terceiro foi em 2009, no finado Costa Concordia, lembram-se dele? Aquele que está afundado na costa italiana depois de uma barbeiragem do capitão? Era um navio lindo e enorme, o maior do mundo naquela época. O cruzeiro foi curto também, 4 noites na costa brasileira, visitando Búzios, RJ e outros. Tinha um SPA fantástico e boa área de entretenimento, porém tudo estava sempre cheio.

Resumindo, foram 3 cruzeiros em 3 companhias marítimas diferentes. Para mim o que conta pontos numa viagem de navio são as paradas (portos a visitar), a estrutura de lazer e a alimentação. Nos 3 cruzeiros acima, nenhum tinha comida excepcional e apenas o segundo era all inclusive. Nos outros as bebidas eram pagas à parte. O Grand Voyager teve a vantagem de ser um cruzeiro menor (1200 pessoas ao contrario das mais de 3 mil nos outros) e de parar nos lugares mais fantásticos do extremo sul das Américas. Todos tinham piscinas pequenas, mas em compensação jacuzzis bem aquecidas. Levando em consideração todos os pontos acima, uma viagem proveitosa depende de uma combinação de fatores que façam sentido para a sua família e para aquilo que você procura. Mas uma coisa é fato: se você gosta de mar, você nunca vai se decepcionar com um cruzeiro. Podem existir fatores negativos ou opções que não te agradem totalmente, mas estar num deck alto ou na varanda do seu quarto (se você tiver a sorte de estar numa cabine com vista pro mar) e olhar a imensidão azul à sua frente, sem preocupações mundanas e sem tempo corrido, é um bálsamo de vida. Só isso faz todo o resto valer a pena.

Agora com filhos, tudo muda de perspectiva. Eu tinha a principio a ideia de não ir com eles a um cruzeiro. Tinha medo deles estarem com um monte de gente indo e vindo, dos vãos nas cercas do navio, da falta de entretenimento infantil e montes de ideias que as outras viagens “só pra adultos” me deixaram pré-concebidas na cabeça. Tinha a impressão que ir num navio com crianças seria apenas me preocupar com eles e não me divertir. Mas agora morando aqui nos Estados Unidos, a terra dos cruzeiros, comecei a  ler mais sobre o assunto e pesquisar as opções. Logo de cara quando me deparei com os Disney Cruises, a primeira coisa que chamou a atenção é que eles são mais caros que os outros. Sim, os preços são mais altos e comparativamente você pode cometer o erro de logo exclui-los das suas opções, se não for a fundo e descobrir o porquê disso.

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Os navios são novíssimos. São lavados todos os dias. Inteiros. Por dentro e por fora. No dia que passamos em Nassau, ao lado tinham outros 3 navios que pareciam antigas carcaças perto do Disney Dream. Marcas de ferrugem, decks descacando. O Dream foi construído em 2011 e se mantem impecável. Todo seu design lembra os navios antigos, tem um ar de Titanic por onde você passa. Mas aliados à esse ar de tradicional estão as mais modernas tecnologias, as cabines mais bem aproveitadas e o melhor serviço de bordo que eu já vi. Começando pelas reservas, que você faz no próprio site disneycruise.disney.go.com. Tudo lógico, fácil de entender, você escolhe exatamente a cabine onde vai ficar. Dias depois, chega um DVD na sua casa explicando seu cruzeiro e suas paradas. Também chegam as tags para as malas e um guia de embarque. Você entra no site e também reserva todos os passeio off board que te interessam. Inscreve seus filhos no Kids Club. Marca tratamentos no SPA. Agenda seu transfer e seu hotel antes ou depois do cruzeiro se necessário. E até programa uma ligação do Mickey ou Minnie para sua casa ou celular, onde ele conversa com seus filhos na véspera da viagem! Nem preciso dizer que os meus amaram receber essa ligação logo antes de viajar.

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Nosso porto de saída foi Port Canaveral, em Orlando. Viajamos aqui do Michigan para lá na véspera, essa é uma dica preciosa que deve ser seguida sempre. Se você não mora na cidade de embarque, não deixe para voar no dia do cruzeiro. São incontáveis as historias de pessoas que perderam a viagem inteira por atraso em voos. O navio não te espera. Ele parte pontualmente na hora marcada. Isso vale para o primeiro dia e todos os outros também. Nós passamos a noite no hotel do aeroporto e logo de manha pegamos um taxi para Port Canaveral. O transfer da Disney só compensa se você está sozinho ou em 2 pessoas, em mais passageiros um taxi fica bem mais em conta, na verdade saiu metade do valor do que sairia o transfer para nos 4, com a vantagem que parte na hora que você bem entende e sem precisar ir num ônibus cheio.

Chegando ao porto, é gritante a diferença da baderna e desorganização do porto de Santos no Brasil. Aqui você é recebido e já deixa as malas ao sair do carro, não tem que carregar nada. Já entra num prédio com ar condicionado, onde você é atendido por setores (raio x, check in, documentos e afins) com não mais que 3 ou 4 minutos de espera em cada um. Aí você vê a diferença de ter um padrão Disney na organização de todo embarque: todas as pessoas simpáticas, receptivas, personagens Disney para distrair as crianças. Logo após a ultima etapa, onde você ganha os cartões (que serão seus ID, chave do quarto e cartão de despesas nos próximos dias), você recebe um numero de grupo de embarque. E as pessoas são chamadas ao navio de acordo com o numero. O nosso era grupo 16, e quando saímos a fila estava no numero 12. Para já aproveitar, passamos na base do kids club montada no porto e já colocamos as pulseiras com sensor nas crianças. Tão lindas, que se você quiser pode levar pra casa pagando a bagatela de 12 dólares ou devolver no ultimo dia sem custo algum, que foi o que fizemos. Terminando isso já chamaram o 16, e então entramos! Não esperamos nem meia hora entre chegar no porto e entrar no navio, que diferença dos outros cruzeiros, onde 2 horas foi a media da espera. Para mim esse foi o primeiro fator que justificou o preço mais alto do cruzeiro: a eficiencia no atendimento e a quantidade de funcionários disponíveis para fazer tudo progressar rápido. Eram mais de 30 balcões de check-in abertos e mais de 100 pessoas trabalhando para que tudo se desenvolvesse sem demora. Uma foto linda logo na entrada do navio, uma caminhada pela passarela e pronto, estávamos dentro!

Welcome Rosén Lopez Family!!!” anunciaram assim que colocamos os pés no navio.  Todos grupos são recepcionados com um welcome personalizado. Uma horda de capitães e princesas davam as boas vindas para a alegria das crianças. Era quase meio dia, e os quartos só ficam disponíveis a 1:30 PM, então fomos almoçar. Escolhemos o Enchanted Garden para comer, e foi a escolha mais acertada. Ele fica no deck 2, e a maioria das pessoas chega no navio e vai comer nos decks 11 ou 12, nos buffets. Foi uma primeira refeição digna de banquete: camarões jumbo a vontade, patas de caranguejo, filet mignon preparado à perfeição, buffet de sorvete (detalhe: todos sorvetes servidos dentro dos restaurantes, inclusive esses à vontade, são Haagen Dazs). Esse foi o segundo fator que realmente justificou o preço mais alto do Disney Cruise em comparação aos outros: a comida é farta, impecável e de qualidade MUITO superior. Se para você comer bem é importante, não tem como escolher outra companhia.

Nosso quarto 9030 ficava no deck 9. Como fechamos o cruzeiro de última hora, não tinham muitas opções de quartos, mas foi a escolha acertada. Primeiramente pensei no deck 10 onde ainda tinham mais quartos disponíveis, porém ele fica logo abaixo do piso de lazer, então tem ruídos o dia todo. Também tem uma estrutura de metal tipo um beiral que “tampa” um pouco da visão do céu no deck 10, por isso se você for escolher cabine com varanda fique entre os decks 9, 8 ou até 7. Ficamos na parte da frente do navio, praticamente não sentimos o navio balançar, nem mesmo a noite. Ninguém teve enjoo ou desconforto nenhum. Um quarto com varanda é outro diferencial que despende um pouco mais de investimento financeiro em comparação às outras cabines (são 4 categorias: interna, janela externa que não abre, varanda e concierge), mas que vale cada centavo. Você ter sua área privada para olhar o mar, seja a tarde ou no meio da noite de pijamas, poder tomar um vinho vendo as estrelas, avistar arraias, tartarugas e ate tubarões, não tem preço. E aquele meu medo inicial, do perigo de criança caindo nos vãos do navio, foi totalmente infundado. Os vãos no Disney Cruise são recobertos com peças de acrílico, então não tem como uma criança passar nem se debruçar entre as barras. A segurança no navio é impecável, parece tudo feito à prova de crianças e para as crianças ao mesmo tempo.

O quarto tem uma cama de casal e um sofá, escrivaninha, frigobar, armário e espaço de sobra para guardar tudo. As malas e o carrinho fechado cabem embaixo da cama. O banheiro é dividido em dois espaços separados, um tem o vaso sanitário e uma pia e no outro fica o chuveiro e banheira e outra pia. Ou seja, todo mundo pode usar o que precisa mais facilmente sem uma única pessoa ocupar todo o banheiro. Super prático principalmente no fim do dia quando todos precisam se arrumar. À noite o camareiro vem e reorganiza o quarto, transforma o sofá numa cama e desce do teto a segunda cama, como se fosse um beliche com o sofá. O teto do quarto fica estrelado nessa parte, as crianças adoraram! Cada um tem sua luz de leitura, e uma cortina se fecha separando o espaço dos pais e filhos. O navio tem room service 24 horas, você pode pedir qualquer refeição no quarto sem custo algum (só paga a taxa de serviço e as bebidas se forem em lata ou alcóolicas, assim como também funciona no restante do navio). Uma dica legal é cada pessoa da família ter sua garrafinha de água, tipo aquelas esportivas, que podem ser enchidas nos decks de lazer a qualquer hora, assim você não precisa ficar comprando bebidas em lata ou garrafas de agua no quarto. Lá nessa estação de bebidas você escolhe entre sucos, refrigerantes, iced tea e agua. Também tem sorvete de máquina todo o dia (alegria das crianças) e snack bar com pizzas e lanches 24 horas. Fora os mimos doces que deixam no quarto durante o dia, com cartõezinhos delicados e mensagens de boa estadia. Fome você não vai passar, pelo contrário, se come demais e a todo tempo. Bem a noite, quando você acha que já se acabou de comer no jantar de 6 pratos, lá vem a ceia da meia noite com crepes e salgados maravilhosos! No último dia eu literalmente não consegui mais comer e meu breakfest foi só suco de laranja e uma fruta antes de sair no navio 🙂

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Voltando ao cruzeiro, no segundo dia paramos em Nassau. Escolhemos fazer um boat tour até a Blue Lagoon Island. Fomos conhecer um santuário de golfinhos, uma ilha onde eles vivem em seu habitat natural. Os golfinhos de lá são animais resgatados que vieram de parques e zoos aquáticos americanos que fecharam (alguns devido ao furacão Katrina e alguns também porque os parques tipo Sea World estão perdendo visitantes e deixando de funcionar). Os golfinhos interagem com as pessoas, nos dão beijos, e voltam a nadar pelo mar. Infelizmente não podem ser completamente soltos, a maioria deles já nasceu cativo, me partiu o coração, mas ao menos estão no oceano, convivendo com outros golfinhos, peixes e arraias, sentindo a maré e vivendo em seu habitat original, e não uma piscina de concreto. O lugar é realmente lindo, e a Lolo se apaixonou mais ainda pelos golfinhos. Era um sonho antigo dela ver eles de perto, e que eu pensava que não se realizaria pois me recuso a levar meus filhos ao Sea World e afins. Que todos os golfinhos em cativeiro possam ser, se não soltos, reabilitados assim um dia. Faça a sua parte, não visite parques com animais em cativeiro e expostos ao publico (se tem duvidas do porquê, assista ao documentário Blackfish).

Voltamos ao navio passando pelo centro feio de Nassau, bagunçado e desorganizado. Não vale a visita. Se você não for fazer passeio, nem desça do navio nessa parada. Aproveite que muita gente desce, e o navio fica vazio e tranquilo para expolora-lo a vontade. Essa tarde passamos na piscina e no Aquaduck, um enorme tobogã transparente que circunda o navio, super cool especialmente para as crianças. Se der deixe as crianças no kids club por um tempo (eles sempre vão querer!) e vá para a parte de lazer da frente do navio, que é adults only. Piscina mais tranquila, vista de tirar o folego, seviço de bar, drinks top e silêncio! Perfeito pra ver o fim de tarde e a partida do navio nesse segundo dia.

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Os horários de shows e jantar são um pouco limitantes, e se tem algo que eu não achei ideal foi isso. São 2 turnos de jantar: um as 6:30 e outro as 8:15. Nem pensei em pegar o primeiro, essa hora estávamos sempre na piscina ainda. O problema é que os shows Disney são inversos ao jantar. Entao quem janta primeiro vê o show depois, durante o segundo jantar, e quem janta no segundo turno teria que ver o show durante o primeiro jantar. Não vimos nem uma única noite. Não teria como estar de banho tomado e prontos as 6 pra ver um show, para nós curtir o outside era a prioridade. O ideal seria que os shows fossem após o jantar, nos dois casos. Mas nem tudo é perfeito, é questão de se adaptar e de fazer o que for possível. O jantar era cada noite num restaurante diferente, todos os dias um cardapio mais criativo que o outro, nessa noite o inesquecível foi o tartar de salmão e o ravióli de lagosta. São várias entradas, appetizers, pratos principais e sobremesas, e você pode escolher quantas opções de cada quiser. São pequenas porções, então você pode comer vários sem (tanta) culpa. O mais legal nos jantares era que por volta das 9, quando as crianças já estavam jantadas, os tios do Kids Club apareciam nos restaurantes e levam as crianças para lá, para que os pais pudessem curtir o restante da noite tranquilamente. Todo mundo ficava feliz, nós e eles. Numa noite comum o kids club fechava por volta das 11 da noite, mas em noites especiais ficava ate 1AM. Essa segunda noite era Pirates Night, e tivemos uma grande festa no ultimo deck, com DJ a céu aberto e um show de fireworks incrível sobre o mar! Pra ficar na memória pra sempre!

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Amanheceu lindamente o terceiro dia, e ao sair na varanda já nos deparamos com a bela Castaway Cay, a ilha particular da Disney. Linda, linda, linda. Logo após o café da manha descemos para a ilha. Mergulhamos (bonitinho mas nada excepcional, quem já fez mergulho em Punta Cana ou outros lugares do Caribe não vai achar nada de mais, mas para as crianças valeu), nadamos, tomamos sol e andamos de bicicleta pela ilha, um passeio que esse sim vale muito a pena! São trilhas no meio do mato e uma parte na pista do aeroporto da ilha. No meio do percurso tem um mirante com uma vista total, a imensidão verde, o azul do mar e o navio ao fundo. Cena de filme. Tudo bem cuidado, impecável, em cada esquina você ve os detalhes Disney. Até uma agência do correio tem, para quem quer mandar correspondência para qualquer lugar do mundo com o selo Castaway! Vale a pena reservar pela internet desde antes o pacote que inclui equipamento de mergulho, bóia e colchão flutuante e as bikes. Sai por um terço do preço de alugar direto na ilha, e você chega e já busca direto sem precisar pegar fila, cada um na hora que quiser. A ilha é super bem estruturada e organizada, e apesar do número de visitantes nada fica lotado. Cadeiras de sobra na praia, serviços de garçon (mojito delicia) e nada de fila no almoço (era um barbecue estilo americano, varias opções de salada e frutas) e um trenzinho que te leva de uma ponta a outra. No outro extremo da ilha fica uma parte adults only, onde quem vai sem filhos pode ficar sossegado. Acontece também na ilha uma corrida 5K Run, logo cedo, e que infelizmente eu não fui, mas deveria ter ido. Todo mundo que finalizar ganha medalha especial Disney.

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A tardinha voltamos para o navio, as crianças queriam ir no Kids Club de novo, então as deixamos lá. Para entrar a criança passa a pulseira por um sensor, que faz o check in. Na saída, só o pai ou a mãe ou alguém cadastrado podem retirar, passando seu cartão e a a pulseira da criança no sensor novamente, e ainda dizer uma senha previamente cadastrada para confirmar. Lá no kids tem vários ambientes, cada um inspirado em filmes como Star Wars, Toy Story, Rapunzel, além de um refeitório e lavadores automáticos de mão, um item bem curioso. Você só coloca a mão em dois buracos e a máquina faz todo o trabalho! Bom para as crianças preguiçosas como as minhas. Obrigatório lavar a mão ao entrar, tanto no Club quanto nos restaurantes, onde os funcionários entregam wipes na porta. Bem melhor que o álcool gel, que eu pessoalmente não gosto. Lá no Kids Club ficam crianças de 3 a 12 anos. Elas podem brincar nas atividades dos monitores, nas competições mais focadas na idade da Lolo (ela adorou e ganhou várias, recebendo prêmios bem legais como bonés e outros souvenirs Disney) ou jogar os games, desenhar, pintar. Se quiser ir embora antes, os funcionários mandam uma mensagem aos pais via telefone do quarto. Todos os quartos tem 2 telefones portáteis tipo celular que você leva com você durante o dia, e usa para se comunicar com quem quiser no navio. Mais uma comodidade incrível, já que os celulares não funcionam em alto mar. Nesse dia me chamaram antes, Nico queria ir pro quarto, então fui buscá-lo e ele estava tão cansado que dormiu 3 horas seguidas essa tarde. Para quem tem filhos menores, tem um berçário super fofo que cuida dos pequenos, mas é cobrado a parte. Para os adolescentes existe uma programação especial também, um espaço teen e tudo focado em muito agito, inclusive passeios fora do navio e uma parte da ilha só para eles. A estrutura do navio tem também um SPA de frente para o mar, com massagens de todos os tipos, saunas, tratamentos de beleza e relax. Chás de todas as ervas possíveis, infusões de aromas, tudo para você não querer sair de lá. Eu pelo menos não queria. Também tem salão de beleza tradicional, e para os pequenos, o Bibbidi Bobbidi Boutique, que é um mini salão que veste e transforma as meninas em princesas, sereias e afins, e os meninos em piratas ou super heróis. Lolo já não quis ir, com 9 anos ela não tem mais interesse nenhum em princesas, e Nico não tem paciência nenhuma para se produzir.

Como tudo que é bom dura pouco, nossa viagem chegou ao fim. Passamos esse último entardecer na varanda do quarto enquanto o Nico dormia, vendo a Castaway Cay ficar para trás. Esse cruzeiro é maravilhoso, mas deixa um gostinho de quero mais, 3 noites passaram voando. São tantas as atividades que quando você esta adaptado, já sabe onde ir, é hora de desembarcar. Mas vale cada minuto! Os cruzeiros Disney fazem EUA, Europa, Caribe e Alasca. Estou aqui quebrando a cabeça pra decidir qual será o próximo. Pode ser que eu viaje em outras companhias no futuro, que tente outro tipo de navio, mas enquanto tiver crianças indo comigo, com certeza a escolha vai ser Disney.

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No último dia acordamos cedo, já existe um restaurante designado para o last breakfest e horário cravado para sair do navio. É realmente acordar e partir. Se você quiser fazer compras nas lojinhas, não deixe para o último dia pois estará tudo fechado. Optamos por levar nós mesmos as malas, que eram pequenas, do que deixar na porta do quarto na noite antes. Assim também saímos mais rápido e depois de passar a imigração já deixamos o porto direto. Se o embarque foi rápido, o desembarque mais ainda. Na saída, varias opções de ônibus te levam ao estacionamento, a Orlando, ao aeroporto ou a locadora de veículos, que foi o nosso caso. Dali seguimos para Magic Kingdom, para finalizar uma viagem perfeita no parque perfeito. No fim do dia voltamos ao aeroporto e embarcamos, chegando em casa só a meia noite. Cansados, mas felizes por dentro. São tantos detalhes que mesmo com esse texto imenso eu certamente esqueci de mencionar muitas outras coisas e dicas, que vou acrescentando ao lembrar.

Mas importante mesmo foi ter vivido essa experiência com os meus filhos, e a principal dica é, se você tem a chance, não deixe de ir, não pense duas vezes. Dessa vida a gente só leva o que a gente fez e as pessoas com quem compartilhou. Viaje, viva!

 

 

 

 

 

American Beauty

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Bom, bora contar um pouco do lado mulherzinha aqui nos EUA. Se você quiser se manter impecável, com todos aquele mimos que nós nos proporcionamos no Brasil, como unha toda semana, depilação, sobrancelha, escova e outros luxos indispensáveis para qualquer garota, prepare-se para gastar muito. MUITO mesmo. Fazer a mão custa em média 30 dólares, ou seja, 90 reais. Os outros serviços, daí pra cima, alcançam fácil os três dígitos num dia de salão completo.

Estou há quase 3 meses aqui sem pisar num cabelereiro, então podem imaginar o estado das minhas unhas. Não só propriamente por não ir ao salão, mas sim por lavar toneladas de louças e roupas, fazer faxina em casa e cuidar do jardim. Depois de uma semana aqui, esqueci a ilusão de que manteria as unhas coloridas. Retirei eu mesma o esmalte Melancia cuidadosamente feito pela querida manicure brasileira, cortei as unhas curtinhas e me “americanizei”, aceitando aos poucos a ficar com mãos in natura. Não foi de todo mal, a gente se acostuma, mas é difícil se sentir totalmente bonita com os “cascos” à mostra semana após semana.

No dia que passei no teste de direção (sem nenhum errinho e nenhum warning do instrutor) me dei de presente um dia de cuidados. O salão se chama, sugestivamente, Happy Nails. O dono é vietnamita, assim como praticamente todos que trabalham lá. Me atendeu de forma muito simpática, me sentou em frente à uma mesa, tipo carteira escolar, e disse que já voltava. Imaginei que ele fosse chamar a moça que me atenderia. Não, ele voltou e sentou, pegando minhas mãos. Sim, ele era A MANICURE! Primeiro choque do dia. Leva alguns minutos pra você se acostumar com um homem acertando as suas cutículas, tirando perfeitamente bem por sinal, melhor do que muita manicure com anos de experiência no Brasil, limpando tudo com rapidez sem machucar um milímetro de pele. E ainda mais ainda discutindo com você qual cor de esmalte fica mais bonito com seu tom de pele. E não confundam-se, ele era homem sim, a esposa também trabalha no salão. Ele inclusive ficou feliz da vida quando descobriu meu nome (“isso não é nome de brasileira!”), que é exatamente o mesmo da filha dele de 12 anos.

Aliás, as mulheres do salão se dedicam a principalmente fazer os pés das clientes. Não tenho idéia do por que dessa divisão. Só reparei que eram vários homens “manicuros”. Homens barbados, jovens e de mais idade. Mas nenhum pedicuro. Mão finalizada, fui direcionada a uma das confortabilíssimas poltronas do fundo. Pense naquelas enormes poltronas reclináveis com massagem, que normalmente os avôs ou os tios têm. Era assim, e até controle remoto tinha. Logo em frente fica uma mini banheira com jatos direcionáveis onde colocamos os pés (e as pernas, que afundam na agua ate os joelhos). É um tratamento completo, com massagem, esfoliação, a unha em si é só no finalzinho, como se fosse um detalhe. Estava curtindo muito a minha hora de relaxamento, massagem e afins, quando a pedicure abre na sua maleta e retira a exfoliating tool. Sim. O segundo choque. Era um ralador de cozinha! Enorme, daqueles de ralar cenoura! Fiquei APAVORADA, será que meu pé estava tão cascão assim após esses meses? Não tive coragem de falar nada, e não sabia se olhava ou escondia o rosto, e já imaginei a banheira se tingindo de vermelho e nacos de carne do meu pezinho boiando naquela agua de luzes coloridas. As lixas brasileiras parecem seda comparadas ao ralador americano! Tentei suavemente retrair o pé, sabe quando você tenta (inutilmente) escapar do contato mais intenso? Mas a mocinha me olhou com aqueles olhinhos orientais e me disse muito séria “DON’T MOVE”, e então eu só entreguei meus pés. Orando. Verdade seja dita, apesar da apreensão, não perdi nenhum pedaço e ele ficou até que bem macio. Só não sei se conseguirei andar descalça novamente…

Não fiz cabelo ou sobrancelha, depois de tantas surprises eu já estava pronta pra ir, e também como vocês sabem, não posso atrasar um único minuto para buscar o Nico na escola. Estou pensando seriamente em aguentar mais um pouco e fazer o restante do “embelezamento” na próxima visita ao Brasil. Meu cabelo está incrivelmente melhor aqui em todo caso. Não sei se é o frio, o ar seco, a água, o fato é que ele está forte como nunca e os fios quase não caem mais. Está liso e bonito, e vai ter que aguentar mais sem aparar as pontas.

Sai do salão me sentindo toneladas mais leve, inclusive a carteira, mas não importa. A impressão ao olhar para unhas bem feitas é animadora, e nos deixa com uma sensação maravilhosa. Sei que não poderei fazer com a frequência que gostaria, mas talvez exatamente por isso valorize tanto esse cuidado agora. Depois farei um post sobre os produtos de beleza, esses sim bem mais acessíveis aqui do que no Brasil, e com opções infinitas para todos os gostos.

Não são os 9 minutos…

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Hoje cheguei as 12:09 para pegar o Nico na escola. Abracei-o, e logo atrás a professora veio e me entregou um papel, dando good bye e fechando a porta. Abri e li. No papel, constava um aviso, um warning, sobre eu estar atrasada para buscar meu filho. Desta vez seria tolerado, mas da próxima seria enviada uma notificação com cobrança. Sim, vocês leram bem, eu não estava nem 10 minutos atrasada. Não foi meia hora, nem quinze minutos, foram 9 minutos! E o papel me alertava, por escrito, que da próxima vez seriam cobrados 1 dólar por cada minuto que eu me atrasasse, e a partir da segunda vez, 2 dólares por minuto… (!)

Depois de tanto elogiar a escola da Lolo, sabia que precisava contar do Nico. No caso dele, nada foi tão fácil. Estava esperando ter uma posição mais, digamos assim, consistente sobre gostar ou não da escola, antes de postar aqui no blog.

É uma escola particular, adepta à metodologia Montessoriana. Para quem não conhece, Montessori é um método educacional desenvolvido por Maria Montessori em meados de 1900, que ficou conhecido por sua eficiência no desenvolvimento prático da criança. A metodologia prioriza a individualidade, a contribuição social e o ser como parte de um todo. Os princípios são fundamentados nas atividades com objetos e brinquedos específicos, com foco no crescimento e na liberdade de cada um. Segundo Maria Montessori, o conhecimento está dentro de nós. Sua teoria é uma das mais conhecidas pelo mundo afora, e busca respeitar o tempo de cada criança em aprender e realizar tarefas. Tanto que as salas de aula tem crianças de idades variadas, e cada um segue seu ritmo.

Até aí ótimo, eu estudei em escola Montessoriana como criança também, e o respeito a cada indivíduo nos faz crescer de forma independente e inteligente. Mas hoje confesso que estou um pouco intrigada com a Montessori daqui. E a cobrança por minuto não foi o primeiro susto com a escola. A falta de flexibilidade esteve presente desde o começo. Logo no inicio das aulas, Nico estava muito assustado e estranhando tudo. Nem no primeiro dia permitiram que eu entrasse na sala com ele. Tem um aviso bem grande colado na porta: despeçam-se de seus filhos antes. Tipo, deixem as crianças sem olhar para trás. Nico chorou muito, não entendendo essa brusca separação. Muitas vezes tive que deixa-lo à força enquanto a professora o puxava para dentro da sala. As duas primeiras semanas foram tão difíceis para ele quanto para mim. Ele veio de uma escola brasileira onde as “tias” pegam no colo, beijam, ajudam, dão carinho e força para que os pequenos enfrentem o dia. Aqui a postura americana é extremamente fria, não há contato físico entre professoras e alunos. Nem o mínimo, nem um aperto de mão! E além disso, ele não entendia uma única palavra de inglês. Elas dizem good morning, sentam a criança numa mesa ou no tapetinho no chão, colocam a atividade na frente deles e se há choro, como no caso do Nico nos primeiros dias, esperam até que passe por conta própria. Eu fiquei chocada no inicio, e pensei seriamente se continuaria com isso.

Nico hoje em dia está adaptado, não chora mais, porém percebo claramente que ele não ama a escola como gostava da sua no Brasil, ou como a Lolo adora a Adams. Ele apenas se acostumou. E não sei se isso é bom ou ruim. É bom se acostumar a algo que não te faz feliz?? Ele vai à escola, mas ninguém lá se preocupa realmente como ele se SENTE. Vejo nesse método Montessori muita atenção ao desenvolvimento, à postura, mas quanto aos sentimentos da criança, esses são metodicamente deixados de lado.

Ao fim da primeira semana de aula, veio um recado para mim e para o Fernando. Precisávamos ensinar o Nico a colocar as roupas de neve, pois todas as crianças da turma (toddlers, 3 a 6 anos) já se vestiam sozinhas para ir brincar lá fora. E que as professoras não podem (ou não querem?) ajudar diariamente ele a se vestir. Por vestir a roupa de neve, entende-se colocar um macacão com suspensório, gorro, luvas e um casaco com zíper. Além de uma bota com fecho. Tudo por cima da roupa de uso diário. Nico não tem nem 3 anos e meio, é o caçula da classe, cresceu num país onde o que ele vestia se resumia a camisetas e crocs, e agora as professoras vêm na primeira semana de aula exigir que ele coloque sozinho toda a vestimenta de inverno? Segundo balde de água fria.

Como um método que alega ser precursor da individualidade da criança pode querer que o Nico, recém chegado a um país tão diferente, entre na “linha de montagem” exigida por eles? Hoje foi a terceira “cutucada”, e justamente por isso não renovamos ainda a matricula para o ano letivo que se inicia em setembro. Ele está na lista de espera para a Preschool da Adams, a mesma da Lolo. Menos teoria, mais calor humano. Porém como ele nasceu em novembro e só completa 4 anos após o inicio das aulas, ainda não sabemos se conseguirá vaga. Torcemos muito para que ele consiga. Porque para uma escola que alega ser a melhor de Midland, a Montessori está a anos luz de ter um cuidado individualizado com cada criança. Pode ser a melhor em metodologia, em estrutura e materiais, mas para meu filho e para mim, deixou a desejar até agora.

Minha enteada Fernanda estudou lá há dez anos, e coincidentemente, a professora era a mesma do Nicolas. Na época dela a escola era menor, as professoras mais jovens, e o Fernando não tem reclamação nenhuma sobre o tempo em que ela frequentou as aulas. Pode ser também que nós estejamos muito habituados à receptividade brasileira, ao carinho das professoras, e ao chegar aqui o abismo era maior que o esperado. Mas mesmo assim, algo para mim não encaixou direito. Nico agora está mais habituado, ele mesmo diz: “viu mamãe, hoje eu não chorei!” e me parte o coração cada vez que escuto isso. E vamos aguardando a resposta do Preschool.

Como prós da escola, para não falar apenas do lado negativo, eles têm uma parte muito focada em música e Nico já canta lindamente algumas english songs for kids. Também na Montessori as crianças fazem aulas extras de espanhol e mandarim, além do incentivo à leitura, tanto que Nico agora quer histórias todas as noites antes de dormir. A alimentação é nutritiva e variada, ao contrário das outras escolas. O legal é que, ao invés dos pais prepararem diariamente o lanche dos filhos, cada semana um pai ou mãe é responsável por trazer os snacks para a classe toda. E seguindo uma sugestão de cardápio saudável, com muitas frutas, leguminhos e biscoitos. Para beber, só leite ou água. A escola também conta com uma área externa bacana, com dois parquinhos, e para os dias mais frios tem uma gym class, toda adaptada para as crianças, com cubos e retângulos de espuma, onde eles constroem, montam e desmontam. Também tem salas com observatório para os pais, onde podemos acompanhar sem ser vistos algumas etapas das aulas. Em estrutura, nota 10.

Todo essa comparação de lado positivo versus lado negativo é o perfeito exemplo de como o supostamente melhor nem sempre se encaixa naquilo que buscamos para nós. Principalmente em se tratando de uma criança. Por isso termino esse post como uma frase da Maria Montessori, que capta a essência do que procuro para o Nico.

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Entre móveis e buffalo wings

house midlandHoje uma querida amiga me cobrou, com toda a razão, sobre os posts desse blog. Saindo do Brasil prometi que manteria esta pagina sempre movimentada, a família atualizada e todas informações dessa nova realidade devidamente postadas. Imaginei que teria uma vida americana tranquila, com tempo de sobra, filmes assistidos e pilha de livros (trouxe 20 do Brasil!) lida.

Não foi bem assim o nosso começo, mas acho que foi até melhor. Completaremos semana que vem dois meses por aqui. Muito bem vividos. Pousamos num sábado de manhã, com temperatura “amena” de – 17 graus. Tudo branco, aquele branco que embeleza, que encanta, que transforma casebres e árvores desfolhadas em cenário de filme. O estado de Michigan estava coberto de neve, quase num estado de hibernação (ao menos à primeira vista de quem chegava, as 6 horas da manhã) e logo no aeroporto de Detroit o primeiro desafio da viagem: fazer caber num carro alugado as 14 malas que trouxemos do Brasil. Mais o carrinho do Nico. Era uma minivan, mas também eram catorze malas! O bom de uma situação extrema como essa é que você não tem alternativa. Ou cabe ou cabe. E colocando malas nos pés das crianças, no meu colo e desmembrando o carrinho em partes, fechamos o porta-malas e partimos para Midland. Duas horas no carro, e chegamos então na cidade que seria nosso lar pelos próximos anos. O Fernando já morou aqui, primeiro alguns anos como criança, e depois como adulto quando veio à trabalho de novo. Ele já sabia o que esperar, e também conhece muito bem a cidade. Não que seja uma tarefa tão difícil, afinal são 40 mil habitantes e três avenidas principais, mas é bom saber onde ir quando se precisa. Já eu e as crianças apenas olhávamos pela janela, a ficha ainda não caindo totalmente. Era muita beleza, muita claridade, muito frio, um mundo novo à nossa espera. Estávamos ansiosos pela nossa casinha que só conhecíamos por fotos, então fomos espiar a nova morada antes de ir para o hotel. Quando viramos a esquina, perdi o fôlego, eu e as crianças não acreditávamos em como era linda! Muito mais bela que qualquer vídeo, foto ou google maps que vimos anteriormente. Ainda não tínhamos chaves, então a primeira visita foi uma volta ao redor dela e só. Apenas um reconhecimento de terreno, mas bastou para que já nos sentíssemos literalmente em casa. O único porém foi que estávamos com as roupas de inverno do Brasil que, well, aqui não servem para nada. Eu estava de botas e parecia que estava de havaianas. As crianças reclamavam que não sentiam mais os dedos. Todos de volta para o carro.

Ainda nesse dia, depois de descarregar a “carga pesada” no hotel, era hora comprar os móveis da casa. Nós optamos por não trazer a mudança completa do Brasil, queríamos deixar a casa montada em São Paulo, portanto enviamos apenas objetos pessoais e alguns brinquedos das crianças, que chegariam duas semanas depois. Então se a gente quisesse ter onde dormir dali uma semana na casa, teríamos que ir às compras, mesmo depois de uma viagem de quase 20 horas. Eu estava exausta, mas compras sempre me animam, não sei por que…

As crianças estavam incrivelmente  comportadas, e Nico adormeceu num sofá da loja. Na hora do almoço decidimos ir à um Red Lobster logo em frente, um típico american food com um pãozinho transgênico de comer de joelhos (não entrarei em maiores detalhes, o fast food daqui será assunto de um post logo mais). Nico foi adormecido no carro e foram, juro, apenas dois minutos entre um lugar e outro. Porém foi tempo mais que suficiente para escapar aquele xixi monstro, primeiro na cadeirinha, depois no carro, nas roupas dele, e em tudo que estava abaixo. Claro que não tinha uma única peça de roupa reserva, todas as 200 malas tinham ficado no hotel, e afinal ele já desfraldou há 1 ano!  Então a solução foi improvisar, achamos uma Marshalls e lá compramos cuequinhas (Calvin Klein, 3 dólares o pack com 4 unidades- no Brasil nem no Carrefour tem cueca a esse preço) e uma calça nova. Troquei ele num canto da loja, alguns americanos olhando torto, mas àquela altura eu nem ligava mais. Almoçamos deliciosamente e terminamos as compras de parte dos móveis. Na verdade finalizamos tudo, só faltou o quarto do Nico e por causa disso o coitado ficou sem cama até ontem, alternando noites em colchão no chão ou na cama da irmã. Mas valeu a pena, já que agora ele tem a cama barco mais linda do mundo!

O nosso primeiro fim de semana aqui foi cheio de descobertas e historias bizarras. Uma delas de uma família que estava hospedada no mesmo hotel, na verdade um Residence Inn que tem cozinha e quarto. Eram pai, mãe, 2 filhos adolescentes e o namorado da filha. Conversa vai e conversa vem na jacuzzi do hotel, e eles então nos contam que estão lá porque a casa pegou fogo. Ficamos chocados, logo perguntei se estava tudo bem, eles disseram que sim, que conseguiram salvar algumas coisas e que o seguro iria pagar tudo, além da reconstrução da casa  e esses meses no Inn também. E o pai, no meio de um ataque de riso master,  relata o que aconteceu no fogaréu, explicando que ele não tinha muita experiência na cozinha e que deixou a casa incendiar tentando fritar uma porção de buffalo wings, “a very, very HOT buffalo wing”, como ele dizia! Eu juro que não vi graça, mas Fernando caiu na risada com ele. O humor americano é bem peculiar, como estou aprendendo por aqui. Sua casa pega fogo, você vai para um hotel, você dá risada. Simples assim.

Mesmo sem incêndio ou fumaça alguma, nas primeiras noites o que com certeza mais incomodou foi o ar seco. Agora já nem sinto mais, porém nos primeiros dias acordava quase sem respirar, agoniada com a sensação de garganta doendo e respiração travada. Entrava com as crianças no banheiro de manhã cedo e ligava a água bem quente, apenas para sentir o vapor e conseguir respirar direito por alguns minutos. Mãos secas também viraram rotina, isso sem falar nas unhas que hoje em dia são curtas e nem se lembram mais o que é esmalte. É curioso como num lugar como aqui a vaidade entra em segundo plano. Aos poucos você se vê obrigada a deixar tudo aquilo que parecia fundamental e rotineiro, para dar lugar à uma nova forma de ver a vida. Abre-se mão de varias coisas, mas também entram tantas e tantas mais. E é isso que quero compartilhar com vocês aqui. Prometo que não demoro mais para voltar, e pretendo contar logo de cara sobre as escolas das crianças, que foram algumas das coisas que mais me impressionaram, tanto positiva quando negativamente.

Como tudo na vida, sempre existem dois lados 🙂

 

Lolo & Adams

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Adams e Lolo foram um exemplo de afinidade à primeira vista. Confesso que minha maior preocupação com a mudança de país era a adaptação da Lolo numa nova realidade. Ela está com 8 anos, idade em que nos encontramos enraizados em nossa rotina, apegados aos amigos e principalmente à escola, nossa âncora. A única vez em que Lolo chorou foi ao se despedir do colégio e da melhor amiga, daí o peso que isso teve para mim. A escola aqui simplesmente teria que competir com a coisa mais importante para ela! A Adams School seria culturalmente diferente, com pessoas entrando na vida dela sem pedir licença, com novos métodos de aprendizado e o principal, tudo isso num idioma onde ela entendia o bom dia, boa noite e só.

Na segunda-feira após a nossa chegada realizamos a matrícula, e Lolo teve a chance de conhecer seus futuros colegas e professora. A Mrs. Welters é um amor de pessoa, e não poderia ter havido professora melhor para receber a Lolo nesse inicio, com a dose certa de paciência e cuidado que ela teve e ainda tem até hoje.  Também tivemos sorte, pois era o dia das fotografias anuais, e Lolo entrou no grupo e tirou a linda foto que ilustra esse post. Na sala dela tem dois alunos que falam em espanhol, e que estão ajudando enormemente na adaptação, e isso a deixou um pouco mais tranquila desde o começo. Durante o tour de reconhecimento na escola, quando alguém lhe dirigia à palavra, ela me olhava com aqueles olhos de jabuticaba questionando o que era aquilo! Eu estava aterrorizada com a idéia de largá-la, e toda a hora me vinha à cabeça o que eu acharia se estivessem me jogando numa sala com pessoas falando japonês… E eu estava fazendo isso com a minha filha! Mas enfim, ela não era a primeira e tampouco seria a ultima a criança a passar por essa provação. Se por um lado isso traria um pouco de apreensão momentânea, por outro representaria a conquista de ser fluente num novo idioma, o que certamente será um de seus bens mais preciosos e aproveitados durante toda a vida.

O sinal bate pontualmente as 8:37 AM. Horário quebrado assim mesmo, devido ao schedule dos ônibus escolares. É simplesmente maravilhoso poder despertar numa hora normal. As crianças não precisam madrugar, acordam as 7:30, dispostas e descansadas, tudo transcorre com muito mais calma do que no Brasil, onde nos levantávamos as 6 da manhã enfrentando uma correria sem fim. Tudo aqui parece ser mais razoável, planejado e organizado do que a realidade escolar brasileira, onde espremem os horários para que possa existir a turma da tarde e a da manhã, dobrando o numero de alunos matriculados e tornando a escola um “negocio lucrativo”. Aqui o bem estar dos alunos é prioridade, começando pelos horarios compatíveis a uma rotina de criança e completando com a liberdade de poder caminhar ou ir de bicicleta até a escola. Por enquanto o frio ainda não permitiu muitas dessas idas, mas todos os dias Lo me pede que a deixe caminhar sozinha ou com os seus amigos pelo menos um trecho na volta pra casa. Aqui não tem guarita, não tem tio da portaria. Aliás não tem nem portaria. As crianças saem sozinhas assim que o sinal toca, e vão até suas casas, ou os pais esperam nos carros ou vem caminhando busca-los. Realidade impensável no Brasil.

No primeiro dia na Adams Lolo recebeu sua agenda, uma pasta para os deveres de casa, e o mais incrível, um Ipad. Este é usado para acompanhar as aulas, criar textos e baixar jogos educativos. Redes sociais como FB, Instagram e similares são bloqueadas. O aluno tem um Apple ID vinculado a escola e  os pais controlam todo o conteúdo, assim como a professora também. É surpreendente, e cada família escolhe se a criança poderá trazer o Ipad para casa todo dia e nos finais de semana. Nós autorizamos, e a Lolo fica então com toda a responsabilidade, o que ajuda a desenvolver esse lado do cuidado com algo valioso. Lolo não cabe em si de alegria em ter seu próprio Ipad, e eu fico contente em não ter sido eu a dar simplesmente um objeto de entretenimento a ela, e sim que ela descubra o tablet como um objeto de estudo e de aprendizado, que nas horas certas pode sim ser divertido. Nas salas não existe lousa, e sim retroprojetor. Cada mesa de aluno tem um tampo que se levanta, onde as crianças guardam seus materiais e portanto não precisam levar diariamente mochilas pesadíssimas para casa. Também não há nada daquela ordem militar de carteiras enfileiradas, a classe se divide em grupos, duplas e trios, e tem um grande sofá. As paredes são todas decoradas com trabalhos, mapas e outros conteúdos. São visualmente mais ricas que as salas brasileiras.

O lunch time dura uma hora, e as crianças tem 3 opções: almoçar na própria casa, devendo retornar 50 minutos depois; almoçar na escola o “marmitex” trazido de casa; ou então comprar o almoço fornecido pelo colégio. Custa 2,70 dólares cada refeição, que inclui leite e sobremesa. Lolo simplesmente detesta. Não come o almoço da escola, e na verdade não perde muita coisa, já que a comida aqui está a milhas de distancia de ser saudável. Frituras, excesso de carboidratos, molhos gordurosos. Nem as crianças escapam. Acabo tendo que improvisar, e normalmente Lolo leva suco, um sanduíche ou cereal (leite é fornecido pela escola), cookies e uma fruta. Acaba que a principal refeição do dia se torna o jantar, e para uma pessoa com recursos culinários extremamente escassos como eu, está sendo um grande desafio manter a turma aqui bem alimentada. Mas vou aprendendo.

Lembrem-se que a Adams é uma escola PÚBLICA. Não se paga mensalidade, matrícula, nada. Fomos extremamente bem recebidos, e aqui se a criança mora no bairro, tem vaga assegurada à escola. Garantido. Na classe da Lolo, além do currículo normal, a turma tem aulas de espanhol (que ela já falava bem, agora está perto de se tornar fluente), artes e educação física. Também saem da sala três vezes ao dia para ir ao parque. Mesmo com temperatura negativa eles estão ao ar livre, nos primeiros dias Lolo não acreditava que ela realmente podia brincar na neve no intervalo da escola!

Dia 03 de março foi o primeiro dia de aula dela no 3rd grade. Por dois motivos (o idioma desconhecido e o fato dela estar adiantada na escola brasileira) decidimos que seria melhor Lolo refazer esse semestre (no Brasil já estaria no 4 ano) para então no outono, já mais acostumada ao inglês, começar o 4th grade no inicio de ano letivo americano. Nesse primeiro dia eu estava mais nervosa que ela quando a deixamos na Adams, mas não transpareci por nem um segundo. Também passei cada minuto do dia pensando em como ela estaria.

Mas toda a preocupação foi por água abaixo na hora em que ela deixou o prédio da escola as 03:44 PM, na hora da saída. O largo sorriso dizia tudo 🙂

Eu e meu decorador

Poucas alegrias na vida são tão simples e tão complexas como ter a própria casa. Que delícia é ter um cantinho novo, um espaço que será em breve chamado de lar! São muitas etapas, diversos esforços e muita dedicação para chegar lá. É recompensador poder concebe-lo do jeito que a gente quer, com cada coisa em seu espaço, com boas idéias se tornando realidade. E o melhor é fazer todos orçamentos, pesquisas e rodar dezenas de lojas de decoração com meu decorador junto. E ainda melhor (se é que pode ficar) é quando esse decorador é um bebê de 4 meses. Sempre digo que o Nicolas é meu pequeno assistente, porque me acompanha em todos os lugares deixando bem claro aquilo que gosta e o que não gosta para nossa futura casa.

Hoje à tarde, numa loja de móveis planejados, o gerente brincou que eu já poderia deixar o currículo dele lá, de tanto que o Nico fazia parte do projeto. Já passou horas dormindo no bebê conforto na mesa de um designer, em outra loja ficou brincando de bruços na cama do mostruário. Mas o que ele mais gosta é passear no meu colo entre estantes, vidros, armários. Lojas de luminárias são um paraíso para um bebezinho. Sempre digo que não farei essa decoração sozinha, que nosso apartamento vai ser um projeto conjunto meu e do Nicolas.

E enquanto a maioria dos bebês poderia ser inconveniente, choroso e reclamão, meu gordinho simplesmente adora sair. Confinado em casa ele se desespera, fica entediado e aborrecido até não poder mais. Chocalhos, ursinhos, nada disso o distrai por mais de 5 minutos. O que ele gosta é andar de automóvel e passear no carrinho em ambientes diferentes, de preferência cheios de coisas bonitas. Aprecia cores, ver pessoas novas (abre o sorriso banguela para todo mundo) e quer aprender cada dia um pouco mais sobre o mundo.

Na rotina da nossa árdua busca pelo apartamento perfeito, Nico tem suas pecualiaridades. A loja TEM que ter ar condicionado. Nunca vi bebê que sua tanto, e se tem coisa que o acalma é um arzinho bem frio. Dorme que é uma beleza. Também tem que ter o mamá na hora certa, e para isso basta a mamãe estar disponível. E não tenho vergonha nenhuma, amamento onde for preciso. Hoje mesmo vi todo um plano de móveis modulados com meu chaveirinho plugado, e às vezes ele fica bravo porque eu falo muito. Segundo sua precoce opinião, durante a hora das refeições tem que haver silêncio.

Se a irmã está junto, aí então o passeio é perfeito para ele. Lorena tem a incrível capacidade de fazê-lo rir, gargalhar mesmo, coisa que só ela consegue, se utilizando de caretas esquisitas e sons mais estranhos ainda. Nicolas adora. Outro dia numa loja de carpetes os dois estavam sobre uma pilha de tapetes felpudos, Lolo rodando o irmão deitado, de lá para cá. Gargalhadas sem fim! Pena que a Lorena tem que ir a escola (e além disso não é tão colaboradora e paciente) e só ocasionalmente sai com a gente nas incursões decorativas.

Mas nem só de belezas são feitos nossos passeios. Outro dia, numa daquelas lojas bem caras, bem frescas, Nico fez um cocô que vazou a fralda, passou pela sua linda roupinha e esparramou todo aquele bege aquoso na camiseta do Fernando. Por uma daquelas sortes inacreditáveis não respingou no refinado sofá de tecido egípcio, porque aí sim teria sido uma cagada das boas. Já me acostumei a trocá-lo em mesas de jantar e em bancadas de estudo, e nesse dia não foi diferente, mesmo sob o olhar repugnado da altiva vendedora. Claro que me lembro sempre de levar a fralda suja ao banheiro, porque se tem algo que o pessoal das lojas odeia é ter que se desfazer pessoalmente desse tipo de lixo tão inusitado, ou pior ainda, ter que conviver com ele nas imaculadas lixeirinhas metálicas de suas mesas de trabalho.

Mas no geral é só amor. Somos muito bem recebidos nas lojas, e meu mini decorador encanta a todos. O profissional perfeito. Afinal ele é simpático, pouco exigente e ainda por cima não cobra reserva técnica.

Era uma vez um cachorro que amava o mar…

Se havia uma coisa que Billy realmente apreciava era sentar-se à beira da praia olhando o mar. Seu focinho movimentava-se aleatoriamente, pescando cheiros da maresia. Mirava ao longe, observava pessoas, e se alguém da família saía para caminhar, acompanhava seus passos com o olhar até onde a vista alcançasse. E ficava à postos esperando. Quando avistava o contorno dos donos retornando, sabia que era a chance de uma escapulida pela areia. E então ele vinha, todo feliz, abanando o rabo, ao nosso encontro. Doce Billy. Quem ficaria bravo com essas boas vindas?

Mas quem o conheceu desde filhote sabe que nem sempre foi assim, que essa paz só foi conseguida depois de muita correria e castigos no lavabo da casa de praia. Quando ele escutava a palavra “castigo”, já sabia que deveria ir ao banheiro e ficar por lá até que os ânimos se acalmassem. E olha que ele realmente nos tirava do sério. Fugia pelo condomínio, correndo numa velocidade inalcançável. Voltava quando bem lhe dava na telha, ou quando alguém o encurralava de carro. No primeiro verão da sua vida atacou guarda-sóis, furou bolas coloridas e assustou criancinhas, mesmo sendo do tamanho de um poodle. Isso porque só tinha 3 meses. O jardim, que transbordava diretamente na areia,  e ficava a poucos metros do mar, era um convite à suas maluquices. Não foram poucas as vezes que cogitamos usar até uma cerca eletrica subterrânea para conter o Billy.  Era apaixonado pela família, mas não tinha peso nenhum na consciência em causar o que fosse para gastar a sua infinita energia.

Imagine que ir a praia com um cachorro desertor já é dificil, pense então em ir a praia com um cachorro fugitivo com gesso na pata. Em seu segundo verão de vida, após um atropelamento suicida às vésperas do Natal (fruto de mais uma de suas inconsequentes fugas noturnas), Billy teve que levar pontos na cabeça e enfaixar uma das patas traseiras. Mesmo assim, se mandava sem pena. Voltava arrastando as ataduras imundas, enfarinhado em areia, e molhado até a alma. Imobilizá-lo sobre a mesa de jantar e trocar os curativos era uma rotina estressante, e pensamos seriamente que a perna não se curaria devido as inúmeras vezes em que foi preciso limpar e enfaixar tudo de novo. Mas nosso Bilão era valente, e no mês seguinte já estava bem. Com 1 ano e meio, ele então começava a se acalmar. Pesaroso pensar nisso, mas foi necessário um acidente para que ele entrasse um pouquinho nos eixos. E nem a cicatriz na cabeça que o acompanhou por toda vida o deixava menos lindo. Como era bonito nosso cachorrão.

Seu pai era um labrador chocolate, grande e forte, de quem Billy herdou a cor. E também uma eventual braveza, que se mostrava em alguns arranca rabos, principalmente envolvendo algum macho com a auto-estima maior que a dele ou qualquer fêmea que aparecesse . Era um eterno romântico. Fosse uma viralatinha capenga do sítio, ou uma labradora com pedigree, após o encontro amoroso o Billy passava dias uivando tristemente. Teve muitas “amizades coloridas”, com labras de todas as cores, e deixou mais de 30 descendentes (só diretos, imagine quantos netos, bisnetos e trinetos) espalhados por aí. Sua mãe era uma labradora preta, com um quêzinho de labralata, de quem puxou o corpo grande, magricelo e o olhar cor de caramelo. Libriano, nasceu em meados de outubro numa garagem em Osasco. No início de dezembro fomos buscar o filhote macho, único marrom, fofo demais, aquele que toda  família escolheu. Na garagem onde viveu suas primeiras semanas de vida ele parecia tranquilo em meio ao caos da ninhada. Chegando em casa, ligou o botão infernal. Corria, rolava, mordia, comia tudo que estivesse ao alcance. No primeiro ano foram telefones, chaves do carro, diversos óculos escuros, sapatos, roupas.  Os potes de ração se transmutavam em plástico retorcido, até que foram substitídos pelos metálicos, e os pés da mesa da cozinha ficaram mais finos a cada dia. Não podia ter caminha, nem cobertor, pois na manhã seguinte nada mais restava do que trapos coloridos.  Não foram poucas as vezes que fiquei com a mão furada, seus dentes-de-leite pareciam agulhas, e ele adorava exercitar a mini mandíbula. Nessa época comecei a aprender na marra a frase mais válida sobre cachorros: labrador bom é labrador cansado. Se ele não saísse de casa ao menos duas vezes ao dia, para correr ou caminhar rápido, e roesse uns 5 ossinhos, e ainda subisse e descesse as escadas atrás de algum dos gatos da casa, pode ter certeza que o pequeno Billy se faria notar. Com a boca: latindo ou comendo algo. De preferência algum eletrônico bem caro.

Adorava andar de carro, sempre com a cabeça para fora. Naquela época ainda não havia restrições a cachorros em Cumbica, e ele fez um sucesso estrondoso ao buscar meus irmãos no aeroporto. Não tinha jeito de deixá-lo no carro, pois com certeza na volta o assento estaria rasgado, ou o câmbio totalmente destruído. E como se esquecer da famosa frase, a que ele mais gostava de ouvir em todo o mundo? “Vamos passear?” E ele começava a correr descontrolado, a saltar, pegava a coleira com a boca. Quem realmente o conhecia podia afirmar que nessas horas ele até mesmo sorria. Era sua hora favorita do dia.

Com 6 meses, Billy ganhou um irmão. Com muito esforço convenci minha mãe de que seria ótimo para os nervos do Bilão (e dos nossos também) ele ter um amigo labrador com quem brincar. Dessa vez escolhemos um macho amarelo, o cachorro mais belo que já vi, que tem o focinho claro e olhos quase azuis. Batizamos de Mike. Forte desde bebê, ele também é incansável, mas sem a rebeldia do Billy. É mais contido, adestrável, e se deixa educar. Obedece e respeita, desde pequeno. Responde aos comandos, e virou realmente a companhia ideal do irmão. Nesses 12 anos de vida, não passaram mais do que duas horas separados. Foi de partir o coração ver o Mike ao lado do Billy nas suas últimas horas de vida. Companheiros até o final.

Os dois cresceram num grande jardim, e de vez em quando desatavam a correr. A gente dizia que dava a louca nos cachorros. Billy parecia um carro desgovernado, pois saía pela tangente nas curvas, de tão rápido que ia! Depois se jogavam na piscina. Mike ia direto, porém Billy precisava do seu “aquecimento”. Não sei se era um tique nervoso ou superstição canina, mas ele necessitava dar 5 voltas na piscina antes de entrar. E entrava… pela escadinha! Apoiava as patas traseiras, de repente erguia as dianteiras e se jogava! Sempre da mesma forma. Era mesmo um cachorro nada convencional.

Nos almoços, enfiava o focinho nas mãos de quem comia. Era muito pidão. Sempre ganhava algum pedacinho, e ao longo dos anos minha mãe criou o péssimo hábito de presenteá-lo com pão francês nas manhãs. De pidão passou a ser implorante. Fios de baba escorriam pela sua boca, e chegavam a se pendurar por 30 cm! Cena incrível, mas nada agradável quando se está comendo. Criou um discípulo: o gato Crocat, que aprendeu a pedir comida da mesmíssima forma, e até hoje nos arranha na mesa pedindo almoço. Billy também revirava lixos e lixeiras sempre que tinha a chance. Sem dúvida ele tinha um pé na cozinha, literalmente.  Espalhava restos por todo o canto, e comia de tudo. Não raro vomitava depois. Num Natal, enquanto a gente se arrumava e ele ficava preso na cozinha, devorou o peru da ceia. Ficou só a assadeira.

Sei que neste carnaval eu perdi o cachorro da minha vida. Junto com o Mike eles foram os companheiros da minha adolescência e começo da vida adulta. Me fizeram rir, me deixaram nervosa, me levaram pra passear, dormiram comigo muitas tardes e noites. Só com olhares a gente se entendia. O Billy adorava que eu o esticasse na caminha (quando ele finalmente ganhou e não destruiu uma) e fizesse um barulho bem esquisito na orelha dele. Era o boa noite. Era assim que a gente se falava. Agora só conversaremos em sonho. Ou em outra vida.  Hoje ele está enterrado na praia. Assim como na foto, ele terá eternamente aquilo que sempre amou: a vista do mar.

Vai em paz, meu Bilão.

De volta! Com tempo reduzido, com amor multiplicado!

Ah, que saudades desse cantinho! Meu espaço de desabafar, contar, relatar, criar, vivenciar, imaginar… Nesses meses que passei distante, diversas vezes me perguntei: escrever para que? Hoje a noite me veio a resposta. E aqui estou.

Começo tirando as teias de aranhas e o pó acumulado, não só aqui do blog, mas também das minhas idéias. Passei 9 meses sendo mãe embarrigada, onde a criatividade era pouca, mas ao menos eu tinha tempo. De sobra. Não só tempo, como insônia. Com um certo esforço, os textos brotavam. Agora tampouco sou um às criativo (e além disso o tempo ocioso não existe mais) porém a tal inspiração bateu à porta. Não, isso é exagero meu. Digamos que ela passou do outro lado da rua, acenando de longe, mas ao menos deu as caras. Escrever só mesmo assim, quando um raio de inspiração cruza a mente. E sabe-se lá porque ele aparece, se por obra do destino, por capricho ou engano. Ou ainda porque eu gosto tanto, tanto, tanto de escrever, que mais hora menos hora até mesmo o mais intenso instinto de mãe dá lugar (ou ao menos um espaço) àquilo que a gente realmente é na essência.

Mas nada mais justo do que voltar a escrever contando um pouco do “motivo” do meu afastamento. Já são 3 meses de maternidade do menininho mais doce do mundo. Nicolas não é bonzinho, ele é bom. Uma criança calma, que gosta de passear, olhar, brincar. Adora a sua rotina. Com a Lorena, a rotina era inexistente. Ela fazia o que bem queria, se rendia ao sono em qualquer canto, qualquer horário. Nicolas gosta de dormir à mesma hora todas as noites. A única coisa que o faz chorar bravamente é impedi-lo de dormir quando tem sono. Gosta de escuro, aprecia adormecer no seu berço. Sozinho. Também gosta de ser ninado. Se sentir abraçado o acalma imediatamente. Ele tem um sorriso que ilumina. Sua risada não é linear, ele abre a boca para sorrir! E o sorriso mais lindo é aquele que ele dá ao acordar. Seus olhos são cinza escuros, às vezes castanhos, e de alguns ângulos, verdes. Parece comigo quando bebê. É impressionante ver uma vida começando assim. A cada manhã me surpreendo com ele. Ao mesmo tempo que o conheço tão completamente, que sei decifrar cada um de seus choros, que sei como ele está só de mirar seu rostinho, também tenho um mundo todo a desvendar com ele. Afinal, estamos só começando, são poucos meses de olho no olho. É um relacionamento ainda no início. É o princípio de uma união eterna. Mais uma. Quando lembro de antes d011 do 11 do 11, é como faltasse um pedaço. Como se eu tivesse vivido sempre à espera dessa peça, a que faltava para completar o meu pequeno (e tão gigante sentimentalmente!) quebra-cabeças maternal.

Nada me enche mais o coração do que ver meus dois pequenos juntos. A Lorena tem ciúmes durante o dia, mas não há uma só noite em que ela não se esgueire sorrateiramente para dormir na cama no quarto do irmão, ao lado do berço. Juntos. E também, ao mesmo tempo em que ela não tem paciência para reclamações e resmungos do Nico, quando ele se verte em lágrimas num choro verdadeiro, não raro ela chora junto. Não gosta de ver o irmão infeliz. Que a pureza desse amor possa perdurar por toda a vida dos dois. Chegará o dia onde só terão um ao outro. E que sejam unidos o bastante para sempre se apoiarem mutuamente. E eu só tenho a agradecer por ser mãe dessa dupla abençoada. Que Lorena e Nicolas continuem a se tornar cada dia mais o foco da  minha inspiração. Não só para escrever, mas para continuar vivendo e fazendo o bem. Por eles. Para eles.

Planejando uma criança

Não desejo ao meu bebê força, e sim saúde de ferro.

Não quero uma criança polida e séria, e sim um filho risonho e bem-educado.

Não quero que ele tenha a melhor profissão do mundo, e sim que alcance a realização pessoal naquilo que escolher fazer.

Não espero que ele tenha tudo o que quiser na vida, mas que queira bem tudo aquilo que tem.

Não pretendo criar um filho mimado, e sim muito amado.

Não quero um filho sempre limpo, quero uma criança que saiba se divertir e se sujar.

Não desejo a ele a maior nem a mais bonita casa, e sim que ele conheça o valor de um lar.

Não quero que meu filho seja o aluno que compreende todas as fórmulas matemáticas, e sim aquele capaz de entender as outras pessoas.

Não espero que ele seja lindo, e sim que traga beleza em todos os seus gestos.

Não quero que meu filho se rebele contra o mundo, mas que saiba manter a sua opinião.

Não quero ter um filho que mira sempre em frente, e sim uma criança que sabe olhar para as estrelas de vez em quando.

Não espero um filho com formigas nas calças, e sim uma criança ativa.

Não desejo um filho ambientalista, e sim que ele saiba da importância de se plantar uma árvore.

Não espero que ele viva sem chorar, mas que se lembre que sorrir é sempre o melhor remédio.

Não espero que ele chegue ao topo do mundo, mas que saiba subir em árvores.

Não espero que ele saiba as respostas à todas as perguntas, e sim que aprecie ler um bom livro.

Não quero que meu filho seja solitário, mas que quando necessário saiba ficar bem sozinho.

Não quero ter um filho que agrade a todos, mas uma criança que agrade a cada um no seu momento certo.

Não espero que ele salve o mundo, mas que seja capaz de amar os animais desde pequeno.

Não desejo que ele mova montanhas, mas que tenha persistência para chegar onde quiser.

Não espero que meu filho seja vegetariano,  e sim que saiba se alimentar bem.

Não quero um filho que fala demais, e sim uma criança que adora perguntar o porquê das coisas.

Não espero ter um filho bicho-do-mato, e sim uma criança que sabe conviver com a natureza e o verde.

Não desejo que ele tenha um físico impecável, e sim que adore praticar esportes.

Não espero que ele tenha uma turma enorme, mas sim bons amigos com quem contar.

Não desejo criar meu filho numa redoma, mas sim ensiná-lo como se proteger.

Não espero ter em casa um maratonista, mas sim um filho que sabe correr atrás dos seus objetivos.

Não quero ter um filho que me obedeça cegamente, e sim uma criança que sabe quais são seus limites.

Não espero um filho perfeito, e sim um menino feliz! Bem vindo meu bebê Nicolas!